Nos últimos anos, o expected goals (xG) tornou-se uma métrica relevante na análise do futebol. Embora analistas profissionais usem o xG há algum tempo, sua adoção entre apostadores ainda é limitada. No entanto, o xG tem o potencial de alterar a forma como o valor é identificado nos mercados de apostas, oferecendo uma vantagem baseada em dados, não em instinto. Vamos explorar como essa ferramenta estatística pode refinar estratégias de apostas e quais riscos ela envolve.
Expected goals (xG) mede a probabilidade de um chute resultar em gol, com base em fatores como localização, tipo de assistência, parte do corpo usada e posição dos defensores e do goleiro. O objetivo é refletir quantos gols uma equipe *deveria* ter marcado com base na qualidade das chances, e não apenas no placar.
Modelos de xG agregam dados de milhares de chutes anteriores para calcular um valor entre 0 e 1 para cada tentativa. Por exemplo, um pênalti geralmente tem valor de 0,76 xG, refletindo a taxa histórica de conversão.
Cada fornecedor usa algoritmos próprios, o que pode gerar pequenas variações nos valores. No entanto, o princípio é o mesmo — quantificar a qualidade das finalizações para revelar desempenhos além do resultado.
Dados de xG confiáveis estão disponíveis em sites como FBref, Understat e WhoScored. O FBref fornece estatísticas detalhadas de jogadores e equipes, o Understat oferece gráficos visuais e downloads de dados, e o WhoScored complementa com análises táticas e mapas de calor.
Cada serviço usa métodos diferentes de coleta e cálculo, mas todos ajudam a identificar oportunidades. Apostadores experientes costumam comparar dados entre as fontes para reforçar suas conclusões.
Manter-se atualizado com esses recursos é essencial, especialmente quando o mercado ignora sinais estatísticos. Entender como os times criam e cedem chances pode revelar valores negligenciados nas odds.
As casas de apostas utilizam dados históricos, forma recente e sentimento do público para definir odds. No entanto, a análise de xG muitas vezes revela discrepâncias entre desempenho e resultados. Um time pode perder partidas por detalhes, mas com valores xG superiores — sinalizando possível reversão de tendência.
Exemplo: o Time A perde três jogos, mas apresenta xG de 1,9, 2,1 e 2,4 e sofre menos que isso. Seu desempenho é melhor do que os resultados indicam. Um apostador atento pode agir antes que o mercado corrija as odds.
O contrário também é válido: times que superam seu xG constantemente podem regredir à média. Detectar isso evita apostas com valor inflado por sorte.
Durante a temporada 2023/24 da Premier League, alguns clubes acumularam mais pontos do que indicava seu diferencial de xG. Um deles, por exemplo, estava entre os seis primeiros na tabela, mas apenas em 12º lugar no ranking de xG — o que apontava uma provável regressão.
Esse tipo de padrão é valioso para apostadores atentos. Detectar momentos de virada, para melhor ou pior, pode orientar apostas em resultados, totais de gols e até artilheiros.
É preciso agir rápido: após o ajuste do mercado, a vantagem desaparece. Por isso, a análise contínua é indispensável.
Apesar de útil, o xG não é infalível. A dependência excessiva de modelos pode levar a erros, se o contexto não for considerado. Nem todas as chances com mesmo xG são iguais. Um chute com 0,3 xG numa jogada limpa pode ser melhor que outro em meio à marcação.
Além disso, os modelos não captam fatores como clima, ânimo da equipe ou mudanças táticas. Por isso, a interpretação humana continua essencial. Apostar só com base em xG pode levar a decisões cegas.
O uso eficaz do xG requer combinação com leitura de jogo, escalações e movimentações de mercado. A métrica deve complementar — e não substituir — o raciocínio crítico e a experiência.
Alguns apostadores tratam o xG como verdade absoluta, baseando apostas apenas em discrepâncias estatísticas. Contudo, até os modelos mais precisos geram exceções, principalmente no futebol, onde o acaso tem papel relevante.
Outro risco é o viés de confirmação — buscar apenas dados que sustentem a ideia inicial. Apostadores experientes usam xG para testar hipóteses, não para validá-las cegamente.
Reconhecer as limitações das ferramentas estatísticas é fundamental. Um método equilibrado, que una dados com análise qualitativa, tende a gerar resultados mais consistentes.